sábado, 13 de agosto de 2011

Pedaços-"Nevoeiro"

Claude Monet, Vetheuil in the Fog, 1879
 
Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer –
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ância distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!
Fernando Pessoa, in Mensagem, 1934 Lisboa

Londres, Motins, Blackberrys e...


…uma geração vergonhosa. Por muito que me custe admitir isto, porque infelizmente, por uma questão de faixa etária, me incluo nela.
Tenho observado com atenção aquilo que se passa desde sábado em Londres e que ao que tudo indica já acalmou. Esta foi sem dúvida uma das notícias da semana, em conjunto com as notícias sobre a conjectura económica destes últimos dias.
Sobre a economia, acho que não percebo assim tanto para ter uma opinião forte acerca disto, mas aquilo que me parece é que isto é o estoiro do chamado, pelos especialistas da área de “capitalismo selvagem” (ou pelo menos foi o termo que um economista que estava a falar na televisão disse com bastante insistência!).
E se eu acho que não percebo de economia, por alma de quem é que me pus a tecer comentários, provavelmente errados, sobre ela e o seu capitalismo (“selvagem”)?!
Porque vai fazer sentido lá mais à frente no poste. Boa oportunidade de estar calada e só comentar sobre economia quando isso fosse realmente necessário, eu sei, mas eu às vezes gosto de pensar ilogicamente.
E tenho-o o feito nestes últimos dias, porquê? Para tentar entender o que raio se passa na cabeça desta malta da minha idade, na sua maioria, para sair às ruas ir fazer, muito basicamente…merda!
Vamos analisar a situação, estes indivíduos começaram por se manifestar contra um acto de violência, onde ao que parece um polícia matou a tiro um taxista londrino a tiro, com o quê?! Ah…mais violência. Eu acho bem, temos que ser coerentes com as nossas convicções! Ironias à parte o início deste fim do mundo, teve a maneira mais parva de começar.
Depois de motins pouco pacíficos, onde destruímos coisas só porque nos apetece, passamos para pilhagens, onde roubamos o que nos faz falta, cenas tipo um LCD, e só assim para culminar á pessoas feridas e mortes.
A pergunta que se impõem é: o que é que esta gente tem na cabeça?
Porque ali estão os miúdos de hoje que serão os homens do mundo de amanhã. (Fala a miúda de 19 anos).
É uma realidade muito triste observar a maioria das pessoas da minha idade já não são nada de especial e poucas preocupações sérias porque se acham imortais e que amanhã há sempre tempo, é ainda mais triste perceber que o mundo regride e não progride. Que tipo de gente é esta que utiliza a violência como meio de demonstrar descontentamento?! Gente sem princípios, sem carácter, seres apenas, sem a parte do humano.
Eu até gosto de violência, como forma de entretenimento. Na televisão, nos livros, nos filmes (do Quentin Tarantino!)…Mas na vida real, não há nada mais triste do que resolver as diferenças com pancadaria, porque violência gera mais violência. Admito que todos temos maus dias, mas isto que se passou Londres não beira o ridículo, já caiu do precipício e bateu, com muita força, com a tromba lá em baixo.
Eu já nem falo dos roubos ocorridos, porque isso era mais que previsível, há sempre gente que se aproveita dos outros para conseguir algo para si. Este facto só torna o cenário mais estúpido e insólito.
Lembram-se da tal treta do capitalismo? Pois, agora faz sentido. É que ao que parece este tal “capitalismo selvagem” faz com que toda a gente consiga tudo com muita facilidade. O que nos torna automaticamente numa sociedade de facilitismos. Até aqui eu já tinha chegado, e é por si só uma conclusão deprimente, mas passar a saber agora que vivo num mundo de selvagens povoado por verdadeiras bestas, que chegam a matar outras pessoas sem razão aparente, só porque apetece causar o caos, destrói quase todos o meus sonhos sobre uma sociedade melhor, no futuro.  
Só não as destrói totalmente, porque felizmente existem excepções a esta regra, e eu tenho a sorte de conhecer algumas. Pode ser que esta minoria um dia desate a partir cabeças para fazer as pessoas mudar os seus comportamentos, porque só assim é que se ganha alguma atenção mediática. E com alguma eu quero dizer demasiada.
Porque o que faz falta é uma educação com fortes valores, é preciso educarmo-nos para sermos pessoas!
É a agora que uma frase de um grande actor português, e que admiro muito, o Miguel Guilherme ganha ainda mais sentido:
“…meu querido, se ao 20 anos não tens sabedoria, não é nem 60 nem aos 80 que vais ter…”
Porque o bom senso, ou se tem ou não se tem…
P.S.: Fala-se que os jovens vinham de bairros problemáticos e de famílias com problemas económicos, claramente o Blackberry é telemóvel de pobre! Esta frase tem várias interpretações escolham uma…   

sábado, 6 de agosto de 2011

Aquela Pérola...!

Andava eu a navegar na Net como é meu costume quando me deparei com o seguinte comentário, no Youtube, feito no vídeo da música "E depois do Adeus" do senhor Paulo de Carvalho.
Ora a pequena pérola dizia o seguinte:

"Bom, senhores portugueses, espero mesmo que depois de rapinarem meu país, o Brasil, os senhores passem muita fome e trabalho enquanto meu país progride. Morram malditos." do jaluza69 

Em primeiro lugar ri-me da estupidez do sujeito e depois resolvi fazer também eu, uma pequena reposta ao Sr.Jazula69, isto porque fui invadida por um sentimento patriótico que me é incomum.   
Calculo que isso tenha sido provocado porque adoro a música em questão. E porque não suporto a estupidez nata.
 Para mim a estupidez da questão não implica o facto de ser um brasileiro a dizer isto. Eu responderia igual a qualquer outro bichinho, fosse qual fosse a nacionalidade, que fizesse tal comentário, inclusive um português, que os há e em muita quantidade bem parvinhos.
O que me revolta nisto, é que é este tipo de pessoas que pensa assim é que desenvolve o ódio entre nações, cria guerras e promove o racismo e a xenofobia. E o facto de falar-se nisto na relação Portugal-Brasil fica ainda mais feito, porque há inevitavelmente um laço de sangue que nos une a todos. Porque tanto os portugueses descendem dos brasileiros como vice-versa.
Afinal são 500 anos de interculturalismo que estão aqui em causa. Porque se Portugal não tivesse “rapinado” o Brasil, o país não teria a cultura, que é na minha opinião, fantástica nem Portugal seria o mesmo Portugal que nós conhecemos. Para começo de história o próprio do Brasil nem se chamaria Brasil, o que é logo estranho de se supor,
Claro que não me orgulho da maneira como foi feito, acho que ninguém, mas orgulho-me sim, de saber que estou ligada a este país, de uma forma mais profunda do que o resto das nacionalidades que existem.
Aliás eu acho que se nós nos ajudássemos mais enquanto nações, ambos os países ganhariam muito com isso.
Feito o discurso, mais político e que apela ao companheirismo em culturas, vou esmiuçar mais um bocadinho o comentário. Só naquela da brincadeira e da parvoíce. Primeira porque sou parva e depois porque posso. O blog é meu afinal!
Eu gosto, na pérola em especial da apreciação final “muita fome e trabalho”. Pois a analogia que eu faço é bastante simples:
Se há trabalho, há dinheiro e se há dinheiro não há fome!
Obrigado então Jazula69, porque eu concordo contigo, trabalho é o que este país precisa. Já a fome podes ficar com ela que agora não faz cá falta.
Quanto ao Brasil a progredir, melhor para mim, sempre quis visitar o país e quanto melhor ele estiver melhor para mim, quando daqui a uns anos conseguir juntar o suficiente para lá ir, é claro.
Além disso o Mundo era um lugar ideal se em nenhum país houver pobreza e fome!
Para terminar, aconselho a este sujeito, em vez de ouvir Paulo de Carvalho, que já vi que lhe assenta mal, ouça antes a “Imagine” do John Lennon e aprenda qualquer coisa. 

Beijinhos fofos para os Portugueses, Brasileiros, Chineses, e para todas as outras nacionalidades…