-Porque vou estar sozinha, relaxar. Sentir o nada… - Ela respondeu-lhe levemente sem alterar uma única vez o tom de voz.
-Queres estar sozinha? – Ele perguntou-lhe. Aquela mulher era um labirinto e ele tinha-se perdido nela ao tentar encontrar a saída. Não que ele gostasse dela num sentido amoroso. Nem puramente platónico era. Ela apenas despertava nele um sentido de protecção.
-Não… - Ela respondeu simplesmente.
-Então? – As respostas vazias tal e qual como ela.
-Eu não quero estar sozinha, mas eu estou só… - Lá estava. Era aquilo. Quebrada, partida e estilhaçada. Se à pessoa que neste mundo que vivia num mundo assombrosamente atormentado era ela.
-Eu estou aqui. – Disse-lhe.
-Não é esse sozinho. É muito mais complexo que isso e vai ser algo que nunca ninguém vai entender. – Ela disse, sincera e fria.
-Tenta-me explicar. – Pediu-lhe, desesperado por um pouco de compreensão.
-Não adianta. Mas vou tentar. Existem três tipos de pessoas, por assim dizer, aquelas que encontraram alguém que as preenchem, aqueles que vivem rodeados de pessoas e se sentem completos e depois há as pessoas como eu. As pessoas que nascem sós, vivem sós e morrem sós. Porque mesmo que encontrem pessoas e estejam rodeadas de pessoas que gostem delas, sempre se sentirão sós. Não é um problema do Mundo, é um problema nosso. A solidão é nos imposta, faz parte da minha personalidade. Eu sempre, sempre me vou sentir só. Não existe uma razão muita lógica para isso. É assim apenas. – Ela explicou. E ela tinha razão, ele não conseguia entender.
-Realmente não consigo entender. Já alguém te magoou a sério para estares nesse constante estado de melancolia? – Tinha que haver uma lógica nela e ele não desistiria até encontrar.
-Já muita gente me magoou, mas nunca assim tanto. O que é a dor afinal? – Indecifrável. Mas ele queria decifrá-la. Ela olhou-o mais uma vez sem o olhar.”
Violet Cheshire