quarta-feira, 7 de setembro de 2011

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O propósito da vida? Ninguém sabe...O interesse da mesma está em descobrir!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

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"Mulheres bem comportadas, raramente fazem história!" Marilyn Monroe

Momentâneo I


“-Eu não acredito, pura e simplesmente não acredito nisso! – Eu disse com a maior das sinceridades, fitando os grandes e amendoados olhos castanhos da minha melhor amiga.
Catarina olhou-me profundamente chocada, mas o que é que eu podia fazer se aquela era a verdade.
-Como é que tu podes dizer isso, Ofélia? É o amor que move o mundo, como é que tu não podes não acreditar nele? – Ela disse-me.
-És tão inocente Catarina, realmente inocente! O ser humano é demasiado egoísta para amar alguém mais do que a si mesmo…- eu murmurei-lhe enquanto observávamos o sol a pôr-se, agarrei os meus joelhos com os braços e escondi a cara entre eles algo que eu fazia com frequência quando não queria falar sobre um determinado assunto.
E o amor e as paixões humanas, eram um deles. Mas Catarina pareceu não se importar com a minha disposição para falar destes temas.
-Não percebo, Ofélia, eu sonho constantemente com um grande romance, quero sentir o meu coração acelerar cada vez que o vejo, quero sentir o meu corpo todo em torpor só por um toque, entender alguém só com o olhar – nesta parte do longa enumeração da minha amiga, passei a observa-la, as bochechas levemente coradas, o sorriso que enfeitava os lábios, os olhos brilhantes…como é que alguém podia ser tão feliz só ao imaginar esta lamechices?! – Enfim quero viver uma história de amor como Romeu e Julieta…
-A vida não é uma peça Shakespeariana, Catarina. Além disso as personagens morrem no fim…- eu disse-lhe seriamente. Catarina revirou os olhos em impaciência, algo muito pouco usual na minha querida amiga.
-Porque vês sempre as coisas pelo lado negativo? Aquilo representa o amor que rompe com as barreiras do espaço e do tempo! – Ela exclamou, com se estivesse a explicar algo uma criança pequena.
-Não existe ninguém com nível de altruísmo suficiente para morrer por outra pessoa. A nossa vida não se pode resumir a existência de um único individuo. Primeiro temos que viver por nós próprios e só depois podemos viver com os outros. Nunca pelos outros, Catarina. As pessoas podem sempre trair-te… - Catarina fechou os olhos e suspirou, quase em desilusão.
-Assim até me ofendes, Ofélia…- ela respondeu-me com algum pesar.
-É triste mas é real, o ser humano desilude... – Eu respondi-lhe.
-É assim tão desacreditada na tua própria raça?! – Ela perguntou-me retoricamente, Catarina conhecia-me bem o suficiente para saber que eu não dizia estas coisas da boca para fora, eu, realmente acredito que o Mundo se move assim.
- Dá-me provas disso constantemente, como poderia eu não acreditar naquilo que vejo? Catarina, todas as pessoas mentem, é condição básica em nós mesmos, a única variável é sobre o que mentimos. E isso incluiu os sentimentos! – eu constatei o que para mim era evidente. Catarina arregalou os seus olhos enormes.
-Eu acho que sou uma pessoa muito sincera! - Ela respondeu-me.
-Sim és, até de mais, para o teu próprio bem. – eu disse-lhe, era a realidade, a minha melhor amiga não vivia no nosso mundo, era por isso que eu gostava tanto dela, Catarina é ingénua no entanto até o mais puro dos anjos pode pecar.” 

Violet Cheshire